sexta-feira, 24 de junho de 2011

Era uma vez uma rainha...


É difícil encarar a realidade de que você é somente mais um na multidão. O que te faz único? Pra quem você é importante? O espelho pode ser mortal nessas horas. Nem tudo é close, baby! Há algo além do que se limita às bordas do teu corpo. Minha cabeça é uma fábrica que cria realidades bem diferentes desta realidade-comum que escolhemos compartilhar e viver. Aqui, no Grande-Contrato, desempenhamos um papel que fica bem na fita ou pelo menos lutamos pra que isso aconteça. Os desvios que se apresentam são retratos de indivíduos em quase-surto querendo voltar pra casa, pra sua realidade tão confortável com cheiro bom de satisfação plena (?). No mundo de cada um, pode-se ser tudo, pode-se ser o que sua livre consciência puder imaginar. Lá é tão bom que tenho medo de me perder, de me desvincular do ambiente criado pelo Grande-Contrato e assim perder esses joguinhos criados pelas pessoas que convivem comigo. Nos alimentamos deles, rimos, nos divertimos, sofremos, lutamos e até matamos por eles. É a ilusão do efêmero prazer de viver uma realidade coletiva. Sim, é confortante saber que você faz parte de uma massa. Rei vitalício do seu mundo, seu maior desejo passa a ser reconhecido como mero súdito numa terra onde quem dita as regras não é você. O anonimato e o ser mais-um oferece a liberdade de não ter que pensar em como o futuro deve ser, de não ser olhado, de não ser julgado, de não ser iludido, deixando o cuidado reservado somente para a armadilha de seus próprios encantos. Enquanto mais-um, sou toda para mim.